Deni Zolin

Prometida para 3 anos, obra da Travessia Urbana completa 9 anos. Veja o que falta e a previsão de conclusão

Prometida para 3 anos, obra da Travessia Urbana completa 9 anos. Veja o que falta e a previsão de conclusão

Na teoria, a duplicação dos 14,5 km da Travessia Urbana deveria estar pronta desde dezembro de 2017, se fosse concluída no prazo de 3 anos, como dizia o contrato. Neste sábado, dia 16 de dezembro de 2023, a obra faz aniversário de 9 anos, prazo três vezes maior do que o previsto, por conta de vários problemas: envio de verbas abaixo do volume esperado e questões burocráticas foram os principais motivos do grande atraso. A dúvida que fica é se a construção fará aniversário de 10 anos ou se será concluída até o fim de junho de 2024, como promete o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Esse é o novo prazo para por fim à obra, aos congestionamentos e à escuridão em alguns trechos.

 
Em 2023, a obra quase nem andou, sendo investidos, segundo o Dnit, R$ 15,2 milhões nos dois lotes. No final de fevereiro, foram içadas as vigas do 2º viaduto da Uglione e, depois, tudo parou no trevo. Ao longo do ano, foram feitos trabalhos pontuais de calçadas, limpeza, entre outros. Agora em dezembro, cerca de 96% da obra está pronta (quase o mesmo percentual do fim de 2022), segundo o Dnit. Já estão duplicados e sendo usados mais de 14 km da rodovia, incluindo 11 viadutos e pontes.


O principal avanço durante 2023 foi na questão burocrática, em que foi desatado o grande nó que emperrava a obra. Segundo o Diário apurou, as construtoras teriam prejuízo se terminassem a obra sem receber uma indenização que pediam. Por isso, os trabalhos ficaram praticamente parados por 10 meses.

 
Em outubro, o Dnit atendeu ao pedido dos dois consórcios e pagou a indenização por tempo extra de obra. É que até o fim de 2017, quando 100% da obra deveria estar concluída, o próprio governo só repassou 60% das verbas previstas, obrigando as empresas a manter funcionários e outros gastos extras com aluguéis de imóveis e canteiros de obras de 2018 até agora. Só em novembro, após essa indenização ser aceita, é que os operários e máquinas voltaram a trabalhar no Trevo da Uglione e nas passagens inferiores da Vasco da Cunha e da Urlândia.

Com isso, o Dnit voltou a ter confiança de que será possível concluir 100% da Travessia até o fim de junho de 2024. Atualmente, há três frentes de obras andando: uma delas é no Trevo da Uglione, onde operários estavam içando as lajes do segundo viaduto nos últimos dias, inclusive provocando bloqueios no trânsito na rotatória. Outras equipes no mesmo local seguem escavando a trincheira (pista abaixo do nível do solo) e fazendo as paredes laterais de concreto. Ainda faltará também concluir um pequeno viaduto na rotatória, acima da trincheira.


Apesar de o Dnit não detalhar datas e prever que tudo ficará pronto até a metade de 2024, a tendência é que o segundo viaduto tenha o trânsito liberado nos primeiros meses de 2024. Já as pistas da trincheira, que farão o trânsito Itaara-São Sepé e vice-versa, sem precisar parar mais na rotatória, devem ser concluídas até o fim de junho. Quando isso ocorrer, carros e carretas não precisarão mais parar na rotatória e devem acabar os longos congestionamentos no Trevo da Uglione.


A SITUAÇÃO DOS DOIS TRECHOS

Lote 1 (do Castelinho até a reta da Urlândia)

Valor já investido – R$ 145 milhões
Valor que falta para investir – R$ 9 milhões

O que já foi concluído no lote 1
Viaduto do Castelinho
Passarela da Vila Floresta
Viaduto do Cerrito
Segundo viaduto da Faixa Nova (rodoviária)
Viaduto da Duque de Caxias
Primeiro viaduto da Uglione
Duplicação das pistas
Iluminação (precisa ser religada)
Calçadas e acabamentos

O que falta concluir no lote 1
Segundo viaduto da Uglione (sentido Urlândia-Duque). Está 90% pronto
Segundo viaduto da rotatória da Uglione
Trincheira da Uglione (pista escavada, no sentido Itaara-São Sepé e vice-versa)

Lote 2 (da Urlândia ao Arroio Taquara, perto da Ulbra)

​Valor já investido – R$ 179 milhões
O que falta para investir – R$ 7,4 milhões


O que já foi feito no lote 2
Duas pontes do Arroio Taquara
Duas pontes do Arroio Ferreira
Viaduto da Tancredo Neves e Parque Industrial
Viaduto da Santa Marta
Viaduto da Walter Jobim e Faixa de Rosário
Duas pontes do Arroio Cadena
Passagem inferior do Patronato (novo shopping)
Duplicação das pistas
Passarela em frente à fábrica da Coca-Cola

O que falta concluir no lote 2
Passagem inferior da Vasco da Cunha
Passarela do Bairro São João
Passagem inferior da Urlândia
Duplicações e iluminação


Na passagem inferior da Urlândia, enquanto uma equipe trabalha na própria estrutura de aço e concreto que ficará abaixo da BR-158 para permitir a passagem de veículos da Rua Orlando Fração até a Urlândia, e vice-versa, outros operários estão fazendo agora uma tubulação de drenagem de água perto da passarela. Isso está provocando ainda mais lentidão no trânsito no local, que é um dos mais congestionados da Travessia hoje.

Prejuízos

Nos últimos dias, foram pavimentadas as últimas duas pistas sobre a passagem inferior da Rua Capitão Vasco da Cunha, perto da Cohab Santa Marta. Em breve, serão feitas a sinalização e as divisórias centrais de concreto. Atualmente, duas pistas são usadas para o tráfego, e as outras duas devem liberadas nas próximas semanas. Quando isso ocorrer, os trabalhos serão concentrados na parte inferior, na própria Rua Vasco da Cunha, que está interditada há mais de 3 anos. Inclusive, esse bloqueio tem provocado problemas para o trânsito dos moradores dos dois lados da rodovia, e também ao comércio local.

 
Hoje dona de casa, a ex-comerciante Nedir da Silva Castro, 74 anos, mora há 60 anos perto da BR-287 e teve lanchonete por décadas, que fechou as portas há três anos, quando começaram as obras da passagem inferior da Rua Vasco da Cunha. Isso bloqueou o acesso à lancheria.

– O meu comércio tinha 42 anos quando foi fechado por essa Travessia que, queira ou não, promete o progresso que veio para tirar o ganho dos mais pobres. Estamos aqui com o comércio todo fechado há três anos. Muita gente de fora que passava por aqui parava para fazer lanches e descansar na sombra das árvores da frente. Não tem passagem mais. Não tem como as pessoas pararem. Até para alugar está difícil, por causa da obra. Mesmo que acabe (a obra), não sei que espaço vai sobrar aqui na frente para o meu comércio – lamenta.

Queda de 50% nas mortes

Outros problemas que seguem ocorrendo na duplicação são a escuridão, já que vários trechos tiveram as luzes dos novos postes acesas, mas os fios acabaram sendo furtados e tudo ficou escuro. Este ano, houve um acidente com três mortes perto do viaduto da Uglione. Na sexta, quase embaixo da passarela da Coca-Cola, um homem morreu atropelado porque tentava atravessar pela rodovia, em vez de usar a passagem elevada para pedestres. Apesar disso, um levantamento feito pelo Diário com base em dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontou que caiu pela metade o número de mortes nos 14,5 km da Travessia. De 2010 a 2014, foram 32 óbitos no trecho (média de 6,4 mortes por ano), enquanto de 2015 a 2023, foram 29 mortes (uma média de 3,2 óbitos ao ano). E vale lembrar que alguns trechos só foram duplicados e liberados a partir de 2016 e 2017.

 
O Diário pediu entrevista e informações ao Dnit, que se limitou a responder por meio de nota (veja abaixo). Agora, resta saber se o novo prazo prometido para concluir 100% da obra será cumprido ou não.


O QUE DIZ O DNIT

“O Dnit informa que, atualmente a obra encontra-se com 94,19% de serviços executados no Lote 1, bem como 96,91% de obras concluídas no Lote 2. Cabe ressaltar que os números ainda não englobam serviços realizados no mês de dezembro.
Em 2023, foram investidos R$ 7,8 milhões, no Lote 1, e R$ 7,4 milhões no Lote 2. Para a conclusão das obras, o Dnit investirá R$ 9 milhões no Lote 1 e R$ e 6 milhões no Lote 2. O governo federal assegurou os recursos necessários para a conclusão da obra, tendo indicado o prazo para a conclusão: junho de 2024.
O Dnit vai iniciar 2024 com todas as frentes em andamento e de acordo com o avanço das obras ocorrerão liberações de segmentos já prontos, como por exemplo a passagem de veículos nas 4 faixas sobre a passagem inferior da BR-287, com a Rua Capitão Vasco da Cunha.
No Lote 1, os postes e rede de iluminação estão instalados quase que em sua totalidade e, no Lote 2, faltam apenas os segmentos que estão com obras em andamento. A falta de iluminação nos pontos com rede já instalada é motivada pelos furtos de cabos de energia. Até o final do projeto em execução, a rede será recuperada, e a obra será entregue com iluminação.
Na passagem inferior do bairro Urlândia estão em execução: a implantação de drenagem pluvial, além de serviços de ferragem e preparação para a segunda etapa de concretagem. Também estão sendo feitas as vigas para estrutura superior da obra.
Na passagem inferior da Vasco da Cunha estão em fase final os serviços de drenagem pluvial e a pavimentação do segmento da rodovia duplicado. Após esta etapa, terão início a construção das barreiras de segurança para a divisão de pistas e serviços na parte inferior da estrutura.”

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Professores concluem formação em educação ambiental e vão ampliar projetos em escolas de Santa Maria Anterior

Professores concluem formação em educação ambiental e vão ampliar projetos em escolas de Santa Maria

Clube Dores inaugura o primeiro dos dois complexos esportivos que vão custar R$ 23 milhões Próximo

Clube Dores inaugura o primeiro dos dois complexos esportivos que vão custar R$ 23 milhões

Deni Zolin